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quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Rumo ao Bi da serie B
O ano era para ser dourado para o Sport. Mas o brilho durou apenas seis meses. No primeiro semestre, o clube venceu o Campeonato Pernambucano e fez uma bela campanha na Libertadores, onde se classificou para a segunda fase, mesmo estando no chamado “grupo da morte”. O clube só foi eliminado nas oitavas de final, pelo Palmeiras, nos pênaltis.
Contudo, o bom trabalho feito no início da temporada começou a ruir tão logo foi decretada a eliminação do Leão do torneio continental. Apontar apenas um problema para a queda do time, seria difícil. Foram muitos os motivos que levaram os torcedores rubro-negros da euforia da Libertadores às lágrimas pelo rebaixamento.
1º Motivo: ressaca pós-Libertadores
O jogo contra o Palmeiras nas oitavas de final da Libertadores foi dramático. O Sport havia perdido a partida de ida por 1 a 0 e precisava reverter o resultado dentro de casa. O gol que igualou o confronto só saiu aos 36, com Wilson. O resultado forçou a disputa por pênaltis, quando o clube foi eliminado. Nas oito partidas seguintes, todas válidas pelo Brasileirão, a equipe rubro-negra só conseguiu somar sete pontos em 28 possíveis.
"Perdemos na Libertadores nos detalhes, quando mandamos no jogo o tempo todo. Naquele dia, o Marcos estava muito inspirado. Claro que isso mexeu com todo mundo. Não é fácil assimilar uma eliminação, ainda mais assim", contou o volante Andrade.
2º Motivo: cansaço com viagens
Não é novidade para os clubes do nordeste o fato de terem que se desgastar mais que os rivais em deslocamentos para disputar seus jogos. Mas o Sport teve um agravante neste ano: as viagens internacionais do time. Com poucos vôos diretos de Recife para o Chile (onde enfrentou o Colo Colo) e para o Equador (onde encarou a LDU), a delegação rubro-negra se viu obrigada a fazer escalas em São Paulo, tornando o trajeto muito mais desgastante. Em uma dessas viagens, os jogadores foram obrigados a dormir em um aeroporto do Peru.
Para o comentarista da TV Globo no Recife, Tiago Medeiros, não só as viagens influenciaram o desgaste físico dos atletas, mas também as trocas das comissões técnicas.
"O Sport teve uma queda grande na condição física dos jogadores por causa do puxado começo de temporada. Com as constantes mudanças de comando, novos profissionais de preparação física era contratados e o trabalho renovado, o que nunca é bom", diz.
3º Motivo: troca de técnicos
A questão da troca de profissionais no comando do time foi outro motivo para a falta de consistência da equipe durante o Brasileiro. Logo após a eliminação na Libertadores, Nelsinho Batista deixou a equipe. O treinador comandou o Leão em apenas dois jogos e foi derrotado em ambos. Após extensa negociação, a diretoria do clube acertou a volta de Emerson Leão ao time. Contudo, a aposta se mostrou equivocada. Após a derrota para o Avaí, torcedores pediram a demissão do técnico, o que acabaria por acontecer duas rodadas depois, após empates com Coritiba e Náutico.
"Depois da saída de Nelsinho, trouxe o Leão porque ele teve duas passagens vitoriosas pelo clube. Infelizmente, não deu certo", reconhece o presidente Silvio Guimarães.
Leão deixou o clube após dez jogos no comando do time, tendo conquistado três vitórias, dois empates e cinco derrotas. Levi Gomes assumiu interinamente até que Péricles Chamusca fosse contratado. Apesar de relativa melhora, o novo técnico não foi capaz de salvar o clube da queda e pediu demissão ao final do campeonato.
4º Motivo: brigas internas
A saída de Nelsinho Batista abriu bem mais feridas do que uma simples troca de técnicos. Segundo o presidente do clube, Silvio Guimarães, o treinador estava deixando o comando do Leão por brigas internas que teve, em especial com o meia Paulo Baier.
Por sua vez, o meia revelou em entrevista que Nelsinho teria agredido verbalmente o atacante Ciro o chamando de 'mulherzinha'.
5º Motivo: saída de jogadores importantes
Visto como pivô para a saída de Nelsinho, Paulo Baier considerou que não tinha mais clima para ficar no clube, já que a própria torcida chegou a fazer protestos contra ele. Com isso, o Sport perdeu um de seus melhores jogadores do elenco.
"O clima para mim está meio ruim. Parece que a saída do Nelsinho foi por minha causa e não tem nada a ver", afirmou Baier, em entrevista ao “Globo Esporte”, tentando explicar os motivos que o fez deixar o clube.
Além dele, o Sport ainda perdeu o atacante Weldon, que se transferiu para o Benfica, de Portugal. Dois jogadores de defesa, Daniel Paulista e Durval, ficaram longo período fora do time. O primeiro, como veremos em seguida, por quase todo o Brasileirão.
6º Motivo: a lesão de Daniel Paulista
A derrota para o Palmeiras na Libertadores deixou uma sequela extra, além da simples eliminação do torneio. Ainda no primeiro tempo da partida, Daniel Paulista deixou o campo sentindo dores no joelho. Após exames, ficou constatado que houve uma ruptura nos ligamentos cruzados anteriores. O volante, considerado peça-chave do sistema defensivo, teve que passar por cirurgia e ficou fora de todo o Brasileiro.
"A queda de rendimento da defesa do Sport muito se deve à saída de Daniel Paulista. Ele jogava em frente à zaga, ao lado de Hamilton. Andrade e Sandro Goiano não renderam o mesmo que o ex-dono da vaga", atesta Tiago Medeiros.
7º Motivo: problemas na defesa...
Com ou sem Daniel Paulista, o fato é que a defesa do Sport teve uma queda de rendimento impressionante neste Brasileiro. Enquanto na Libertadores a média de gols sofridos pela equipe era de 1 por jogo, no torneio nacional esse número quase dobra. No ano passado, o time terminou o campeonato com média de 1,2 gols sofridos por partida.
"Depois da saída do Nelsinho Batista, o Leão (técnico que substituiu Nelsinho) tentou mudar o esquema para o 4-4-2 (antes a equipe jogava no 3-5-2), mas não conseguimos nos entrosar tão rápido. Na época, também perdemos alguns jogadores e ficamos muito expostos pela falta de entrosamento", afirmou o zagueiro Igor, explicando um dos motivos para a defesa, com os mesmo nomes, ter uma queda de rendimento tão grande.
8º Motivo: ...problemas no ataque
Além da queda de produção da defesa, o Sport ainda teve que conviver com problemas no setor ofensivo. Weldon se transferiu para o Benfica. Wilson viu seu contrato terminar e só voltou após alguns jogos. Ciro esteve um bom tempo com a seleção sub-20. Arce também ficou fora de algumas partidas para defender a seleção boliviana.
"A gente que é atleta passa por situações boas e ruins. Depois que o Nelsinho (Batista, ex-técnico) saiu, eu não estava tendo muitas chances de jogar. Atacante vive de fases e tem que ter uma sequência, como tive no Avaí. Essas trocas constantes não me permitiram ter isso. Com o Chamusca, eu fiz seis gols, mas pena que já está no final do campeonato", lamentou Vandinho, lembrando que, mesmo com os desfalques da equipe, atuou pouco durante o ano.
9º Motivo: queda de rendimento de jogadores após o Estadual e a Libertadores
No início do ano, alguns jogadores se destacaram no Estadual e na Libertadores. Entre eles, Ciro, o jovem atacante que rapidamente virou a jóia preciosa do clube e que passou a ser alvo constante de especulações sobre transferências. Além dele, Moacir, volante que jogou improvisado na lateral direita, também recebeu muitos elogios.
Contudo, as exibições de ambos ficaram muito aquém do que ambos apresentaram nos primeiros jogos da temporada. Moacir chegou a ser barrado por Emerson Leão que preferia Elder Granja (indicação sua) na posição. Já Ciro teve altos e baixos e confessou que as especulações o prejudicaram. O atleta chegou a pedir ao clube que fosse preservado e que desse menos entrevistas. Inclusive, o presidente do clube, Silvio Guimarães, afirmou em entrevista ao Globoesporte.com que o clube não queria se desfazer do atleta a qualquer custo, tentando diminuir o assédio sobre o jovem.
10º Motivo: brigas políticas do clube
Se dentro do campo as coisas não andavam bem, fora dele também não. O presidente Silvio Guimarães enfrentou muitas resistências dentro do clube. Inclusive, após a derrotada para o Internacional, por 3 a 0, boa parte da diretoria do clube pediu demissão. Com o rebaixamento praticamente certo, após a derrota para o Cruzeiro, foi a vez do vice-presidente Augusto Carreras entregar o cargo.
"A política do clube anda em ebulição. O atual presidente, Silvio Guimarães, se preocupou em sanar dívidas trabalhistas e foi abandonado por muitos diretores que o acusaram de ser centralizador", revela Tiago Medeiros.
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