Finjo que sei, mas não sei nada.
Quem me dera saber algo,
Qualquer coisa, migalha que fosse.
Ficaria satisfeito. Quem sabe.
Finjo que do que gosto e do que não gosto,
Finjo quando sorrio, quando choro,
Finjo quando o tempo insiste em fazer-me companhia,
Finjo sendo nuvem.
Finjo tanto que até creio no que finjo,
E me espanto como crêem,
Ou também fingem eles,
Que acreditam em mim.
Fato certo e contumaz é que eu finjo,
Mas não sou mentiroso, longe disso,
Sou um retratista que com linha e carretel,
Tece atos e fatos que poderiam ser. E, no entanto, não são.
Mas que diferença faz se só sei ser assim,
Se é que sei ou se finjo que sei ser alguém,
Talvez nem exista e seja fuligem,
Dessas que sobem do chão em dia de sol forte.
Resta-me apenas consolo no desgosto,
Que talvez também seja fingimento sorrateiro,
Tal qual esta meia dúzia de rabiscos,
Versados fingidos pelo meu fingir.
Todo um kxaum poeta... gostei.
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