sexta-feira, 19 de março de 2010

Na gaveta


Deus eu passo os sete dias úteis

traçando nove dias fúteis

fazendo planos de papel

em quartos cinzas de aluguel

e vou dormir

entre as paredes do Hotel do Sossego

meu amor



Sim, no contracanto do meu leito

guardo um punhal cravado ao peito

tingindo a cama e o lençol

por uma fresta me invade o sol

e eu vou deitar

entre as palmeiras desenhadas nos jornais

meu amor




Ah, mas que você espera de mim ?

Que o consumado eu vá repetir, não




Não, o que me importa nesse instante

é esse não me importar constante

é esse sorriso que eu guardei

nessa gaveta, a qual fechei

pra mim dormir

com a cabeça no lugar que eu deixei

meu amor

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