terça-feira, 13 de abril de 2010

sabe sabe saberão

Finjo que sei, mas não sei nada.
Quem me dera saber algo,
Qualquer coisa, migalha que fosse.
Ficaria satisfeito. Quem sabe.

Finjo que do que gosto e do que não gosto,
Finjo quando sorrio, quando choro,
Finjo quando o tempo insiste em fazer-me companhia,
Finjo sendo nuvem.

Finjo tanto que até creio no que finjo,
E me espanto como crêem,
Ou também fingem eles,
Que acreditam em mim.

Fato certo e contumaz é que eu finjo,
Mas não sou mentiroso, longe disso,
Sou um retratista que com linha e carretel,
Tece atos e fatos que poderiam ser. E, no entanto, não são.

Mas que diferença faz se só sei ser assim,
Se é que sei ou se finjo que sei ser alguém,
Talvez nem exista e seja fuligem,
Dessas que sobem do chão em dia de sol forte.

Resta-me apenas consolo no desgosto,
Que talvez também seja fingimento sorrateiro,
Tal qual esta meia dúzia de rabiscos,
Versados fingidos pelo meu fingir.

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